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Em conexão com a realidade (CHANEL MÉTIERS D’ART 2021/22)

  • essenzmagazine
  • 18 de dez. de 2021
  • 2 min de leitura

Inspirado no Le19M e protagonizado pelos artesãos



Foto: Divulgação / Chanel


Acsa Freire

Todos os anos desde 2002 acontecem os desfiles da Chanel Métiers D’Art, uma coleção pré-outono que busca homenagear os trabalhos manuais dos artesãos de ateliers financiados pela maison francesa. A Métiers D’Art, profissões de arte em francês, acontece em dezembro e é uma coleção que navega entre Alta costura e ready-to-wear “fora da programação” pré-estabelecida, e tem como objetivo preservar a tradição do artesanato de luxo e suas técnicas.
Este ano, pela primeira vez o desfile aconteceu no Le19M, mais novo edifício que abrigará os ateliers debaixo do “guarda-chuva” da Chanel.
Analisando os looks apresentados no desfile, é possível notar que Virginie Viard, designer e diretora criativa da Chanel, pôde transmitir além da homenagem aos artesãos uma coisa “inusitada” em muitos desfiles contemporâneos apresentados pelas grifes: peças que poderiam facilmente ser usadas no dia a dia, peças que conversam com a rotina das mulheres, e que atingem um público de idade mediana, ao contrário de algumas coleções anteriores da marca que foram taxadas de “modernas demais” para a linha editorial da maison e outras “antigas demais” para o público que as consome.

Fotos: Divulgação / Chanel


A coleção de 2021/2022 que teve a estética inspirada pela arquitetura do novo prédio criado pela Chanel, o 19M, apresenta o perfeito equilíbrio entre materiais e modelagens, que transmitem a jovialidade, a adequação ao dia a dia, além de possuírem um “quê” de luxo e trabalho extremamente bem feito, afinal trata-se de Chanel.
O Métiers D’Art deste ano apresentou vestidos e saias de comprimento longo, porém sem volume, trazendo à tona uma silhueta mais “limpa”, além do tricô, do jeans de lavagem clara e também o detalhe em acessórios como mini bags e o clássico sapato bicolor de salto médio, que também fizeram a vez nas passarelas. Para o outono espera-se a continuação de terceiras peças, dessa vez sem tanta alfaiataria, sendo substituída por um “tricô refinado”, sem muitos detalhes, com caimento mais pesado e cores lisas, sem estampas. A composição de peças inferiores mais lisas com um quê de cetim ou seda são combinadas com sobreposições mais pesadas que ficam por conta dos sobretudos e casacos.
Os looks vão desde uma festa social, à reunião de trabalho e também ao lazer através das possiblidades dos layerings, as camadas.
Com as silhuetas mais secas, retas e sem volume, o diferencial ficou exatamente na mão dos artesãos que cuidaram dos botões, tramas, bordados e apliques de plumas, além dos acessórios que foram os detalhes que transformaram as peças.
O Chanel Métiers D’Art 21/22 foi com certeza um presente. Além da inauguração do 19M, a participação de ateliers tão importantes para a moda (como o Lesage, o Montex, o Lemarié, o Goossens, o Massaro, entre outros), a adequação de peças mais confortáveis e ainda sim, bem trabalhadas que possam ser utilizadas no dia a dia (aspectos tão importantes no momento em que vivemos, onde o artesanato, a participação e tradição humana nos processos e ainda as necessidades cotidianas como o conforto e praticidade, que influenciam na escolha de uma roupa) foram elementos levados em conta pela marca e que reafirmaram mais uma vez a importância de se conectar com a realidade e trabalhar em cima dela.


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